domingo, 30 de janeiro de 2011

Gratidão

Meu pai é um homem excepcional. Prolixo até para dar “bom dia” e de poucas palavras para dizer o quanto gosta de mim. Mas isso não se faz necessário, eu sei do grande sentimento que ele me tem. Em cada gesto, em cada atitude, em cada luta para que eu atinja meus ideais e faça de cada sonho meu uma realidade, ele fala as três palavras mágicas.

Um dia, numa de nossas voltas pela cidade, me contou que quando comprou a Brasília verde, levou a quantia de 15 mil Cruzeiros até a concessionária. Dentro de sacos plásticos. Em moedas.

Dr. M. nunca quis aprender a mexer em computador. Nem a carreira de advocacia nem a docência fizeram com que abandonasse a máquina de escrever. Elétrica? Não não... Aquela com teclas pesadas, que hoje em dia só se encontra em brechó. Amante da natureza, do tango, da costela bem gorda e do cigarro (abandonado há mais de 2 anos).

Eu queria muito aprender a pintar, faria uma tela intitulada "O Homem e seu Cão". Meu pai e nosso cachorro, L, fazem uma parceria sem precedentes. Um tanto confuso saber quem manda e quem obedece, é realmente uma cena impagável.

Meu pai é quase um personagem, de tão interessante, engraçado, chato e maniático. Talvez seja uma bela combinação astrológica e psíquica do signo da balança com o símbolo da justiça. Os pratos deveriam estar sempre em equilíbrio, mas vai entender...

Este texto é uma singela maneira de dizer MUITO OBRIGADA por tudo que ele sempre fez por mim. As outras três palavrinhas mágicas ele sabe que também estão aqui.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

(Re)Começo

A vida cabe numa caixa. Pertences, roupas, mimos, presentes e promessas. Encaixotados e amarrotados, os itens que a compõe são aos poucos guardados. Época de faxina, jogar fora o que não se precisa e tudo que impede a energia de fluir. Lágrimas, ela deixa para trás. Promessa de bons tempos à frente... basta ñ olhar por cima dos ombros.

Deixa o lugar onde viveu este tempo para que outros ocupem o espaço. Cômodos que cuidou com tanto zelo e apreço, paredes que guardam segredos, suspiros e o sonho agora palpável. Janelas por onde a luz do sol a despertava, o cair do dia na sacada.

Vai pelo outro caminho, a estrada de lajotas vermelhas. Serás teu próprio homem de lata, espantalho e leão. Vai, vai ficar mais perto da copa das árvores, onde os passarinhos cantam de manhã! Vai olhar o horizonte de cima, sentir o vento na face quando a chuva se anunciar. Vai ser feliz! Não te prendas ao que foi até agora, cada etapa da vida dura o tempo de uma estação. Vai sem medo, leva apenas uma saudade sentida. Vai que estarei sempre contigo neste recomeço.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Imperativos

Corra. Viaje. Fale. Chore. Ria. Grite. Durma. Coma. Beba. Beije. Suspire.

Abrace.  Imagine. Mude. Brinque. Faça. Cante.


Permita-se.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

Alforria

Desapareci.
Fui salva
Por um sopro de redenção.
Me desfaço das algemas
que me prendiam
às convenções.
Respostas agora são desnecessárias.
Diria até um tanto inúteis.
Vislumbro ao longe
A existência de liberdade.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Imensidão

Sou maior que os meus sonhos
E menor que a loucura que em mim habita.
Sou do tamanho de tudo que não podes ver,
Imensa como tudo que podes sentir.

Posso habitar teus pensamentos,
Alimentar teu corpo e alma.
Posso te provocar novas sensações,
Basta permitires.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aventura

Gostava de ir por novos caminhos. Admirar jardins, tão coloridos e com a grama tão verde. O perfume das flores desta rua que nunca tinha escolhido. Os paralelepípedos, irregulares, a forçavam a pisar em uma pedra de cada vez, e com muito cuidado, quase brincando de amarelinha. O desenho das árvores, o verde das folhas. De dentro das casas, o cheiro de bolo e café fresco.  Antes de atravessar a rua, uma pausa para assistir outras tantas vidas passarem por ela. Será que eles também escolheram um novo traçado para hoje?

¡Adelante! O lugar de sempre a espera. O delírio está no caminho, não no destino.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alvo

Lanço minhas expectativas
Como flechas de fogo.
Desordenadamente,
Atingem inocentes.
E quem poderá culpar-me?

Sou matéria pura
da emoção.
Não me contento
com menos.
Tudo a serviço
Do meu bel-prazer.

E quando for minha vez
De ser atingida por uma lança
Ah...
Que seja agora.
Por completo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Concreto ardente

Aventure-se no centro da cidade. A sensação térmica é semelhante a de um forno. Em qualquer lugar, a atendente lembra um bicho preguiça, com o humor de um rinoceronte sem água. Nas filas, homens, mulheres e crianças como um bando de suricatos no sol do deserto.

Compram compulsivamente, como se estivéssemos à beira de um colapso mundial. Não sabem que apenas as baratas sobreviverão ao fim do mundo?

Transporte coletivo, calor, sacolas e pressa. Muita pressa. Realmente, é a visão do inferno. Mais fácil mesmo seria um cipó para cada um.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eu...


Quero roubar teus beijos
Guardar teus suspiros
Correr ao teu encontro
E me enrolar no teu abraço
Ah, se soubesses
Tudo que eu quero...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Verdade

Ele a ensinou
A ficar à vontade consigo mesma.
Tocava sua face como as teclas de um piano.
Seus olhos negros, nos seus olhos verdes
Conduziam os movimentos
Como o maestro de uma orquestra.
Gestos doces,
Suaves,
Firmes.
Ele tinha mistérios
Que ela nunca sequer
Ousaria desvendar.
Só assim
Ela poderia ser quem era. 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Avesso

frente prá trás De
sentido mais faça Talvez
inibido corpo Um
feroz desejo seu Por
boca Cada
sabor cada E
lábios fartos Com
algoz seu em transformam Se

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Colisão


Seu mundo adolescente
Colidiu com o universo
Foi num instante de repente
Que o mundo entrou em reverso.

Sua alma enfaixada
Longe de contato humano
Pedia uma tentativa frustrada
De perdão em primeiro plano.

Crença e espelho estilhaçados
Desespero crescente
Lembrança de seus amados
Agora prá sempre ardente.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Inquebráveis hábitos

Chame como quiser. Mania, TOC,  hábito. Era mais forte que ela. Ao som da mensagem, corria para ler e voltava a bloquear o celular. Cinco minutos e leria novamente, e ela sabia que o faria. Alguns pratos a lavar, episódios de sua série favorita, mais um quarto de hora e liberaria o aparelho para novamente degustar cada palavra. Em cada uma, um sabor. Lia em silêncio, em voz alta, em dublagem.

O mesmo fazia com cartas antigas. Devidamente bem acondicionadas para preservar a integridade do papel. Segurava o envelope com cuidado, olhava o selo e a data de postagem. A caligrafia, irregular e com a tinta falhada trazia à tona memórias de um tempo bom. As folhas de caderno, um pouco amarrotadas, guardavam sensações adormecidas. Remetente e destinatário para sempre enclausurados.

Livros. Títulos diversos, mas alguns favoritos. Trechos sublinhados e páginas inteiras com exclamações, personagens tão complexos quanto seus pensamentos. Ficção que um dia sonhou para si mesma, dramas e tramas que na vida real não tinha coragem de abraçar. Finais gloriosos que lia uma e mais uma vez. Quem sabe a vida não imita a arte...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Elementos

** Fogo ** Luz que brilha e provoca um caleidoscópio de sensações. Traz em si o perigo e a deliciosa vontade de mergulhar em seu calor insano, arder em pensamentos e aquecer-me em noite estrelada. Fecho meus olhos e sua chama de tons alaranjados me traz o calor da saudade.

** Terra ** Contato com o humano e o divino, me impulsiona ao céu. Nela caminho de mãos dadas ou sozinha, sem precisar de bússola. A terra molhada, com o cheiro de chuva, é anúncio de renovação. É para ela que regresso depois do sonho. 

** Água ** Para os dias em que altas temperaturas me fazem avistar oásis em meio aos blocos de concreto do mundo. Quando cai das nuvens, é um véu que me serve de álibi para o que há de mais profano. Disfarçada de cachoeira, me abraça completamente e é capaz de me trazer a paz interior que tanto procuro. Se prestar atenção ao rio, verei que, assim como ele, é preciso contornar as pedras ao longo do caminho.

** Ar ** Matéria de longos e profundos suspiros, me faz flutuar no espaço e planar sobre a vida. É a carícia leve do amor, é um beijo jogado à distância. Ar que alimenta a água, a terra e o fogo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Insônia

O dia tinha sido reservado a ensinamentos e descobertas. Longe do que chamava lar doce lar, ficou horas ao sol, como buscando colorir o que o inverno lhe imprimiu na pele. Agora teria tempo de se dedicar às suas verdadeiras paixões: o prazer do ócio e a escrita.

Tentou dormir mas o corpo estava ansioso, inquieto, como se pedisse mais daquele prazer tão sutil. Lembrou que há muito não via o nascer do dia, o sol desvendando a silhueta da cidade sem pressa, a serração descortinando uma paisagem em verde e azul.

Acompanhou o que para muitos é apenas mais um dia, apenas o andar do calendário. O que as pessoas pensam entre ir e vir? Escreveu diálogos com amigos no banco do ônibus, criou outro mundo para a moça que vai apressada pela avenida, e jogou um pouco de tempero na vida do homem que ia tão cabisbaixo por entre as pessoas. Inventou vidas para quem mora nas janelas que observava, novos passados e futuros quem sabe mais intrigantes.

Agora já pode dormir, o dia já revelou suas nuances. Quem sabe hoje reescreva para si mesma um novo passado e um novo futuro, uma reinvenção de tudo...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Folga

"A vida é curta. Os anos voam. Em 2011, abaixo os clichês. Que o ano pouse suavemente, e traga vida com folga." (Saia Justa)

Quero folga para olhar a chuva, agradecer ao universo por toda natureza que existe. Contemplar os pássaros que param na minha janela, dar bom dia ao sol e boa noite à lua.

Quero folga para sentar longas tardes ao lado de uma boa amiga, tomar champagne em plena 5a feira e assistir o dvd dos Rolling Stones. Acho o Mick um raio de feio, a manga que o cão chupou. Mas fazer o que, ela gosta...

Quero folga para gastar o dinheiro que ganho, que mal entra no banco e já sai para pagar contas. Esses dias um amigo perguntou se eu já tinha visto a nova nota de cem reais. Tive que rir...

Quero folga para andar com minhas roupas velhas, meu par de havaianas e sem maquiagem. Quero folga da correria do dia-a-dia, que me faz acordar num pulo e sem tempo de me espreguiçar.

Quero folga das atividades cotidianas que roubam tempo dos sonhos. Rotinas que não nos deixam ir por novos caminhos nem esquecer horários. Quero folga da pressa.

Quero folga de mim. Folga dos meus ♫ devaneios tolos a me torturar ♫ que acordam e deitam comigo. Uma folguinha só, para quem sabe pensar em quem sou de verdade.

Quero folga para tomar banho de chuva, andar descalça na areia, contar estrelas, deitar na rede, me atrever a pintar e desenhar. Quero folga de tudo que for certo, aceitável, saudável, bom, honesto ou nobre.

Quero folga da vida para poder viver.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Adeus Ano Velho


Nada Mais justo que fazer pedidos de ano novo. Mas antes, acho importante olhar prá trás e agradecer tudo que 2010 me trouxe de bom.

Maio. Apresentei meu primeiro trabalho, seminário regional. O 4º mais comentado (que conste nos autos que não eram apenas 4 trabalhos), muito elogiado e que rendeu bons frutos. E agora em 2011 rumo ao seminário nacional.

Férias de julho, visitar meu tio querido em Porto Alegre. Irmão do meu pai, baixinho e barbudo. Versão gaúcha do Nando Reis, anda de tênis, moletom e uma pochete na cintura. Figuraça. No ano anterior, como estava se preparando para uma viagem à Estônia e países vizinhos, achava tri legal abrir a porta do meu quarto e dar bom dia dizendo tere!

Setembro. Parabéns prá mim!

Novembro. Domingo dia 7, estádio do Beira Rio em Porto Alegre, 21hs. Sir Paul McCartney! Indescritível, inacreditável, emocionante, perfeito. Dancei, cantei, pulei, ri, chorei, gritei, tive ataque histérico digno de qualquer Beatlemaníaca. Paul tem energia, é gentil, divertido, educado, um verdadeiro lord. E o sotaque britânico mais melodioso do mundo. 50 mil pessoas numa só voz cantando give peace a chance. Emoção sem precedente. Uma das exigências de Paul é que em cada portão houvesse uma caixa onde os fãs pudessem deixar presentes. Claro que levei uma carta muito bem escrita e um mimo! Oras... nunca tive resposta, mas sei que ele adorou.

Dezembro. Dia 20, o nascimento deste blog que vos fala. Amizades que tenho certeza, se solidificam a cada post.

Saldo totalmente positivo. Para 2011, só posso pedir saúde. Saúde para trabalhar muito, amar muito, rir muito, fazer de tudo um muito. Nada morno, nada meio termo. Quero superlativos. Prá mim e prá vocês, amigos queridos!


Um brinde!!! 2011 chegou!!