sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Do fundo do baú


Adormeço. E nesta inércia imposta pelo cansaço, sou transportada a lembranças. Sem ordem alfabética ou cronológica, revejo o que ficou impresso em mim.

Há quase 5 anos saí da casa de meus pais. Comecei a ter minhas próprias contas e agenda para administrar a casa. No começo era um ap vazio para mobiliar e um chuveiro que precisava dar o “toque de recolher” para tentar tomar um banho decente. Mas antes do sofá, o cachorro. Meu amicão, cãopanheiro que alegra minha vida. L é inteligente, divertido, esperto, sapeca, fiel e muito, muito lindo. O gurizinho da casa. Quando era bebê comeu os cantos dos meus dicionários caríssimos e destruiu um par de havaianas brancas. Até hoje se diverte levando minhas meias, lixa de unha ou borrachinha de cabelo para baixo da mesa. Sim... costumo deixar coisas espalhadas.

Verão em Gramado. Viagem na Brasília. Meu pai cantando a musiquinha do sapo que não lava o pé. Uma pousada familiar, biscoitos caseiros no café da manhã. Aqueles em formato de estrela, lua ou redondinhos, com cobertura branca e bolinhas coloridas em cima. Já comprei na padaria aqui perto, mas não tem o mesmo sabor. Na calçada da frente, um hotel com piscina de água natural, geladíssima e com o fundo coberto de limo. Medo! Carrossel em formato de cogumelo, até que fiquei alta demais para ele. Fiquei alta muito cedo...

Fim de semestre universitário celebrado com pé direito engessado. Ano Novo temático, enrolada em lençol e um bindi na testa para a festa indiana. Muito vinho branco e muletas. Faça as contas.

Sabe aqueles pais que contam histórias para os filhos? Pois é. Meu pai não era assim. Eu é que contava histórias para ele. Monteiro Lobato. E ai dele que dormisse. Tinha que estar atento, eu fazia perguntas sobre o enredo ou personagens a todo momento.

Tantas lembranças... até porque, tenho algumas décadas nesta existência. Mas é hora de despertar e criar novas recordações.

Feliz 2001 a todos!

Ah... e se beber, não dirija.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Lully no País das Maravilhas

Nada Mais divertido que pensar em seis coisas impossíveis antes do café da manhã! Vamos lá...


* dominar o mundo


* voar


* ser peixe durante 12hs por dia


* ter cabelo crespo


* pegar o pote de ouro no fim do arco-íris


* descobrir a verdade sobre a criação do mundo


Preencha o formulário com as seis coisas impossíveis de sua preferência e concorra a um super prêmio. Boa sorte! 

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Amores e desabores

Pensando no que escrever para este espaço que eu mesma criei (por livre e espontânea pressão), percebi que faltava um pouco de livros, e observando minha modesta biblioteca, lembrei de Claudia Tajes. Já li As Pernas de Úrsula – onde um homem larga toda sua vida por um par de pernas que viu num restaurante – e Dez Quase Amores. Este último tinha lido emprestado, então corri prá comprar a edição pocket. E li numa sentada só, 127 páginas sem desgrudar.

São 10 casos de potenciais amores, príncipes que viram sapos. Claudia tem o dom de fazer tudo engraçado, com muita inteligência. E é fácil se enxergar nas histórias, acredito que todas temos algumas vergonhas no caderninho. Lembrei de alguns que ouvi nos nossos encontros prá trocar receita de tricot. Não! Erm... mesa de bar. Encontros nas mesas de bar!

A da esquerda conta de um amor mais novo que pertence aos DeMolay, e obviamente fará parte da Maçonaria mais tarde. Não foi suficiente ganhar uma toalha especial para secar os braços, que precisam ser bem lavados antes de rezar 5x/dia, com a testa no chão em direção a Meca. Seus valores de cavalaria eram muito fortes para se relacionar com uma mulher mais velha.

A que senta à minha direita tenta desesperadamente entender porque um homem de 30 anos insiste em tentar fazê-la acreditar que não pode “consumar de forma carnal a relação”, pois precisa purificar seu corpo, mente e alma para atingir um grau maior na Umbanda. Canta prá subir, misifio!

Na minha frente, um semblante que ainda não decidiu se ri ou se chora. Seu último amor era contra qualquer demonstração de afeto em público. Isso incluía não abrir a porta do carro ou espalmar a mão nas suas costas ao entrar num local. Mãos dadas? Não! Nem pensar! A mãe do rapaz, louca doidivanas teria um surto epilético. Afinal, o rapaz estava prestes a fazer concurso para o ITA, e qualquer envolvimento romântico eliminaria suas já remotas chances.

O bar vai fechar. Outro dia conto dos meus amores.
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Nota da autora: os nomes foram omitidos e algumas situações levemente deturpadas para não haver risco de reconhecimento.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hotel California

Oito guitarras e um "quê" de flamenco na introdução. Hoje ouvindo o cd Hell Freezes Over - Eagles - pulei para a faixa 6, HOTEL CALIFORNIA. Me traz sempre tão boas lembranças!

Quando eu estava na 7a/8a série, tinha uma colega inseparável na escola e também nas aulas de inglês. Vou chamá-la de C. Uma guria muito engraçada, com uma risada quase histérica e beirando a loucura, uma caligrafia que eu adorava. Somos amigas até hoje, e com ela morando na Espanha sinto uma baita falta dela. Mas isso agora não vem ao caso.

Pois. De manhã estudávamos na mesma sala, numa escola estadual. Duas vezes por semana íamos e voltávamos juntas para aula de inglês, estudávamos para provas e passávamos a tarde no ap dela, na rua O. Aos sábados, geralmente íamos para a casa de sua tia T, num bairro próximo. Conversa de adulto nunca é interessante para adolescente, então íamos para a outra sala, onde tinha uma vitrola e muitos LPs. Bolachão, prá ser mais específica. Como estudantes do Fisk, claro que queríamos praticar. O vinil dos Eagles era o que pegávamos primeiro, direto na faixa do Hotel California. Posso dizer que cantávamos com uma certa beleza, boa pronúncia e algum desafinamento, ou não teria graça. Mas o legal mesmo é que nào tínhamos a m-e-n-o-r noção do que a letra dizia. Isso não tinha importância nenhuma. A gente cantava igual.

Agora já sei a letra de cor, mas não é a mesma coisa. Já conheço o significado das palavras, mas a magia, ah a magia... esta está lá nos anos 80.

Para minha amiga C, um beijo enorme!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Patriotismo

Nada Mais gratificante que receber o agradecimento do Censo 2010 na tv. Pode parecer besteira, mas fiquei tão feliz em receber a recenseadora, responder as perguntas e fazer parte de estatísticas. Pena que meu cachorro não entra na categoria "moradores". Se eu morasse na zona rural, isso seria diferente. Mas enfim.

Não sei vocês, mas sou orgulhosa do meu país. Corrupção, desigualdade, educação desvalorizada, ainda assim não moraria em nenhum outro lugar. Sou feliz de morar em Pelotas, a terra do doce. Sempre que caminho ou ando de carro pela cidade, admiro os casarões antigos, a arquitetura que se perde em meio a edifícios espelhados. Sou gaúcha, bairrista, e apesar de nunca ter participado em nenhum CTG, acho nossas danças e pilchas maravilhosas. Não escuto Mano Lima ou Gaúcho da Fronteira, não assisto Galpão Crioulo aos domingos, mas isso não me faz menos gaúcha. Também não acho Simões Lopes Neto tudo isso, mas sou gaúcha com G. Amo meu sotaque, falar "tu" é charme!

Tenho um sentimento engraçado: quando vou a um show ou jogo de futebol (tudo bem que só fui a 2 em toda minha vida, no Mineirão prá ver o Galo), quando estou assistindo um show como Paul McCartney ou Marisa Monte e olho para o povo, seja 300 pessoas ou 50 mil, me emociono. Estamos todos ali por uma única razão, unidos por um mesmo sentimento. Quando tem alguma desgraça, como a enchente de Santa Catarina há alguns anos, me dá uma vontade imensa de largar meu trabalho, sair correndo e ser voluntária. Se pudesse, trabalharia com o Luciano Huck na construção de casas.
E tu, tens algum patriotismo feroz?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Kirikou

Nada Mais mimoso que Kirikou et La Sorcière. Animação francesa baseado em um conto africano, com um herói negro e minúsculo na luta contra a feiticeira Karabá que mata os homens de sua aldeia, seca sua água e força as mulheres a entregarem todas suas jóias.
Para Kirikou, não é preciso revidar força ou maldade. Basta ser astuto e de bom coração. Não basta se contentar com histórias, temos que ir em busca da verdade.
Assistam, o final é surpreendente!

Kirikou n’est pás grand mais il est vaillant!
E qualquer semelhança com Macunaíma é mera coincidência.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sua marca pessoal

Trabalhar em uma empresa grande, uma franquia distribuída em todo país não é das mais fáceis tarefas. Há quem diga que ser um profissional competente é o bastante, mas ao longo do tempo se percebe que, o que tem valor mesmo, são as atitudes. Graças ao universo temos Arthur Bender e suas palestras motivacionais e seu livro "Personal Branding - Construindo sua marca pessoal". Leitura fácil, prazeirosa e com ensinamentos rápidos de serem colocados em prática. Acreditem, vale a pena.
Boa leitura!

A Grinch

Nada Mais enervante que esta época do ano, onde os sentimentos são ambivalentes: férias chegando e o descanso merercido à vista, não fossem as músicas natalinas e a insistência capitalista em comprar presentes. Nada contra, adoro dar e receber mimos, mas precisa necessariamente ser algo industrializado? Onde fica a confecção de bolos caseiros e cheio de significado, poemas que contam a história das famílias e um simples abraço apertado? Dezembro é o mês de regeneração, tudo pode ser perdoado. Ano que vem, tudo volta ao normal. Tenho uma proposta! Vamos seguir os ensinamentos de Cristo/Deus/Buda/Zeus - ou quem quer que seja seu mentor - todos os dias. Vamos ser bons sempre, vamos evitar pisadas na bola para não precisarmos nos redimir. Vamos decorar a cidade pq assim a vida fica mais bonita, não pq queremos mais clientes nas lojas. Vamos trabalhar com afinco porque o trabalho dignifica, não porque vamos ganhar bonificação de final de ano. Vamos ficar junto dos nossos pais sempre que possível, não apenas na sala esperando o coitado do peru.
Mas não me tomem por uma pessimista sem solução. Fora isso, sou bastante feliz. Não pensem que sou alguma criatura verde, mesquinha e contra o Natal. Sou bem bonitinha, alegre e que, dentro do possível, suporta bem a data. Aguento até churrasco de final de ano com cd natalino.
E como não se pode fugir do clichê... FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO A TODOS!!

Amélie Poulain

Nada Mais inspirador que "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain" - a mocinha mais doce, defensora dos fracos e oprimidos do cinema europeu. E a mais altruísta também. Meu filme de cabeceira, que assisto uma vez por ano. As cores, as paisagens e as personagens são capazes de mudar o humor, elevar o espírito e mostrar que, quando ajudamos o outro, nos sentimos felizes. Amélie faz o bem sem olhar a quem, sem querer nada em troca. Uma bela lição a aprender. Sem dúvida ela teve um destino fabuloso!

Síndrome de Pollyana

Eleanor Porter, USA, 1913. Um inocente livro marca a literatura infanto-juvenil que será traduzida para várias línguas. Na idade certa, li a história da menina órfã que joga "o jogo do contente" para superar as adversidades da vida. O livro se torna referência. Mais tarde, na faculdade de Letras, ouço de uma respeitável professora de literatura que Pollyana não é nada mais nada menos do que um manual de boa conduta feminina, um assassinato à liberdade das mulheres, uma ingratidão à queima de sutiãs. Mas será mesmo que o jogo do contente nos torna submissas? Ou seria uma forma inteligente de entender que o mundo não é cor de rosa e não podemos ter tudo o tempo todo? Brincar de contente pode parecer um tanto conformista, mas conformidade pior é achar que somos vítimas da situação. Eu acho Pollyana uma heroína, inteligência pura em forma de menina. E convenhamos, nós meninas somos bastante inteligentes =)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Let it Be

"Let it Be" é para mim uma das músicas mais emblemáticas da história. Ouço desde a infância, com meu irmão mais velho e sua fita k7 na sala. Sábado de manhã, mais precisamente. Uma contribuição para minha formação que eu jamais pensei ter tanta importância hoje em dia. Incrível a sensação de paz que ela transmite, desde os primeiros acordes do piano. A magia da música faz com que acreditemos, quase dentro de uma afirmação divina, que tudo um dia terá uma resposta. E acreditem... tudo terá um dia uma resposta, basta ouvirmos as palavras de sabedoria. E mesmo que não tenha, let it be... Que Sir Paul McCartney esteja convosco!
http://www.youtube.com/watch?v=y-gyGiggAOI&feature=related